By Marcos Paulo
O trajeto da faculdade à casa que moro é trágico todas as noites, pelo menos pra mim, após às 10h. É difícil encontrar sorrisos, carinhos e principalmente educação nas bolhas do transporte público. Para uma mente agitada como a minha (amigos dizem que meu o cérebro pifará, pois eu não paro) descansar é o que faço pouco. Na condução, meu escape é abrir um livro no celular e mergulhar de cabeça.
Gostava de olhar para pessoas, gostava de sorrir mais. Ouvia desde a escola: ” Marcos, seu sorriso é lindo.” Como beleza nunca foi meu forte(e não é mesmo), acreditava e fazia questão de sorrir quando era instigado por um momento prazeroso e verdadeiro. Ele ainda é lindo quando lindas são as pessoas que me cercam, porém, depois desse horário as faces exibem expressões apocalípticas, tem vezes que pedir para chegar pro lado ou apenas mover-se enquanto sentamos é( ao menos me parece) inconveniência.
Talvez minha fraqueza esteja em me deixar contagiar, ou talvez eu exija dos outros algo que eles nem saibam que exijo, apenas nunca achei que cansaço fosse motivo pra mal humor. Do motorista, passando pelo cobrador às pessoas que dividem espaço comigo no ônibus, me sinto bobo,do tipo que acha que por apenas vivermos, deveríamos projetar coisas boas em qualquer momento, do tipo que acha que uma estrela inspira e que a lua me abraça enquanto durmo.
Quando chego em casa, sou grato a cama que tenho, aos livros que alimentam minha imaginação e a sede de vida que me dá tesão para seguir. Chego a conclusão que a bobeira que me cerca me mantém vivo, é o espírito de Bufo, o bobo da corte que se faz imortal e com fantasias combate o trágico mundo real, mas como a corte, os espíritos dos meus colegas de viagem falecem todos os dias. Bufo é bobo diante dos olhos de quem não encontra saída, bobo que sobrevive só buscando doar amor à vida.
From:: Midia Publicitaria
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