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quarta-feira, 11 de fevereiro de 2015

A morte do meu primeiro texto nota 10

By Jussara Coutinho


Sexta série e a metade da minha vida até hoje. A professora Maria Do Carmo entra na sala com a tarefa do dia: uma redação. As linhas já estavam na folha após a breve proposta: escrever um convite aos ‘extraterrestres’ para uma visita à Terra. Não se esqueça de ser educado e convincente. Lembre-se de destacar o que você mais gosta em todo o planeta para que os outros tenham vontade de conhecer.


Cabecinhas pensantes. Lápis batendo na carteira para dar ritmo ao raciocínio. O que faria um ET se deslocar milhares de anos luz para nossa terrinha? Conhecer minha mãe? Minha escola? Meus amigos? Sei lá, muito egoísta. Vou falar sobre a água.


Foi fácil. Fluido. As palavras escorriam em abundância. Com a água você pode se hidratar, plantar, cozinhar, brincar, nadar, limpar, navegar, viajar… Lembro que falava sobre o seu peso e sua leveza, sua forma, sua facilidade de adaptação. A professora gostou. Deu 10. Disse que se fosse de outro planeta até dava um pulinho aqui.


Olha, eu se fosse ela, abortava esta ideia. Eu mesma, se tivesse a oportunidade, diria: ‘Caro extraterrestre, é com pesar que lhe desconvido daquele convite feito há 12 anos atrás. Eu era criança demais e não sabia das coisas’.


Sabe, é melhor cortar pela raiz. Como receberíamos o convidado sem cumprir nem um pinguinho com o prometido? A situação não está para peixes. Muito menos para convidados ilustres que nem imaginam o que o tempo levou. E trouxe também.


Hoje em dia, se alguém convidasse alguém de outro planeta para cá falaria, certamente, sobre tecnologia. Talvez sobre algum produto novo também. Sabe como é, o marketing é pesado! Talvez citassem viagens (está em alta) e acho que pediriam direito de imagem, já que nada passaria despercebido das lentes.


Mas voltando ao que interessa, não há como manter o convite. O meu texto morreu. Estamos/ficaremos sem água. Fato. O volume morto já está em sua reta final. E olha, tente não nos culpar tanto assim. É culpa dos canos que estão danificados, esbanjando mesmo. Culpa também do dinheiro que não caiu na mão certa. Culpa do movimento das placas tectônicas que fizeram com que o Brasil ficasse bem aqui e não nos EUA. É uma lista, mas não vou dedurar mais. Temos muito o que enfrentar.


Logo, teremos que banir do nosso vocabulário tudo o que remeta à este precioso líquido. Dizem por aí que até o termo ‘Tempos Líquidos’ será redefinido. Músicas serão censuradas. Xixis serão silenciados. Textos de crianças inocentes serão apagados…


Agora, de verdade, sobre o que mais os próximos seres humanos escreverão? Do fundo do meu coração: não sei. Será que haverá mais convites ou desconvites? Eu gostaria de ser convidada, na verdade. Com tudo o que temos visto, acho que nós é que somos de outro planeta!


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