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quinta-feira, 30 de abril de 2015

As agências de publicidade e os escândalos de corrupção

By Bill Almeida

Vivemos um momento importante na história do país. Um dos maiores escândalos de corrupção veio à tona e revelou que milhares de reais foram desviados dos cofres públicos para consolidar o poder de alguns e acabar com o sonho de muitos brasileiros. Entre empreiteiras, construtoras e a maior estatal do país investigadas pelos desvios, apareceram as agências publicitárias – não qualquer agência, mas a Borghi/Lowe, uma das que mais cresceram nos últimos anos (parte significativa dessa ascensão veio com a conta de estatais e a atuação do profissional Ricardo Hoffmann, figura bastante articulada em Brasília e grande nome na área de atendimento, responsável pela conquista de clientes governamentais importantes, que fizeram a agência saltar da 14° para a 4° posição no ranking das maiores agências do país e conquistar mais 13 clientes para seu portfólio). Ricardo Hoffmann foi preso, acusado de utilizar a verba de contas como a da Caixa para pagar propina às empresas dos deputados e irmãos Vargas em troca de privilégios nos processos de licitação e contas de empresas governamentais. A história de sucesso de uma agência brilhante foi manchada e o estigma para outras que prestam serviços para órgãos públicos parece ter tomado a categoria.

Depois da Borghi/Lowe, a FCB do Brasil também apareceu nas investigações pelo mesmo motivo. Mais uma vez a culpa foi para o Sr. Hoffmann, que por sua vez acusa José Henrique Borghi, presidente da Borghi/Lowe, de ser conivente com o repasse às empresas dos Vargas, que constituíam um esquema milionário para efetuar desvios. A carreira de um grande profissional até então veio à baixo, duas grandes agências tiveram sua imagem manchada e as luzes foram voltadas para essas, não pela genialidade de suas campanhas, mas pelo vergonhoso estigma da corrupção que cerca a sociedade brasileira em todos os níveis e instâncias, nas mais variadas classes sociais, credos, profissões, sexo e idade. Não foi a primeira vez que agências de publicidade ou profissionais da área foram citados em investigações do tipo, mas o peso desses nomes nos fez pensar em como uma agência de publicidade deve agir em casos como esse.

A Lowe, multinacional que comprou a Borghi (à época Borghierh) já deu os primeiros passos na direção correta e está contribuindo com as investigações. A FCB veio à público num comunicado e alegou que fez os pagamentos por ordem de Hoffmann – o mea culpa nesses casos, sempre é o melhor caminho.

Quando uma grande empresa se vê atolada em escândalos como a contratação de trabalho escravo, componentes proibidos em seus produtos ou mesmo uma falha que gerará um recall milionário, a melhor e mais sensata atitude é vir a público, assumir os erros e mostrar-se pronta e a mais interessada em ver a situação normalizada. Para citar um exemplo muito próximo ao que ocorreu com as agências, há o caso da Siemens, que viu-se enredada ao cartel dos trens e metrôs paulistas e passou a cooperar com a investigação, punindo os responsáveis e dando todo o apoio para que a situação se normalizasse (o processo continua em tramitação).

Desde a universidade um publicitário ouve que nesta área trabalha-se em equipe. Quando ganha-se um prêmio, esse é celebrado como um filho da equipe; quando conquista-se uma conta, essa é festejada como uma obra da equipe. Quando o grupo se vê em apuros, por que não responder como uma equipe?

As investigações continuarão e mais nomes e empresas podem se assomar a essa lista, mas seja provada a inocência ou culpabilidade de pessoas ou companhias, é muita ingenuidade de nossa parte acreditar que um desvio gigante de dinheiro como esse seja feito por uma única pessoa. A corrupção, bem como a culpa, é algo que a sociedade brasileira tem muita dificuldade em lidar. Se ganhamos em equipe, também perdemos em equipe. Não podemos ser infantis e eleger heróis e vilões em assuntos como esse. Para as agências de publicidade citadas no caso, a melhor conduta é reunir a equipe, dar a cara a tapa e se reerguer através dos talentos que possuem e da criatividade que os levaram ao auge. Uma mancha pode ser apagada com muito trabalho e transparência acima de tudo. Acredito que as pessoas que fazem os olhos brilharem com anúncios inesquecíveis, títulos memoráveis e cenas brilhantes podem superar histórias nebulosas e feridas difíceis de lidar. Que a verdade sobressaia, os culpados paguem e os criativos se redimam.

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