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sábado, 30 de maio de 2015

Mad Men e a chatice do “politicamente correto” na propaganda de hoje

By Roberto Schultz

Este é um artigo que já escrevi e publiquei (inclusive em espanhol) em 2013 e que foi atualizado, embora ele continue atual independente dessa atualização. Quis dividi-lo com os leitores do MÍDIA PUBLICITÁRIA.

Neste ano de 2015 (é em 5 de abril a sua estreia nos EUA) teremos os últimos sete capítulos da última, e sétima (trailer: https://www.youtube.com/watch?v=G564hU4UKMo) temporada da série americana MAD MEN. O negócio é tão bom e garante tanta audiência que a produção optou por fracionar a sétima temporada em duas. Sete capítulos foram ao ar em 2014 e os sete restantes – infelizmente os últimos – serão veiculados em 2015. Eu assisti a todos os capítulos de todas as suas temporadas, até agora. A maioria depois da sua exibição na TV.

Para quem não conhece MAD MEN, a série mostra o dia-a-dia profissional e pessoal dos publicitários que – nos Anos 60 e agora, no final, quase chegando aos Anos 70 – trabalhavam nas agências de propaganda da Madison Avenue, em Nova Iorque. Daí o trocadilho da palavra MAD (loucos) com o nome da Avenida MADison. São, pois, eles, os loucos homens da Avenida Madison. O seu lema é “Não importa o que você é ou o que quer, mas sim como você se vende”.

À frente desses homens loucos da Madison Avenue está o fictício DON DRAPER, sócio e diretor de criação da agência na qual trabalham os demais personagens. Sujeito bonitão e impecavelmente bem vestido, ao estilo da época. Sedutor para as mulheres. Mais alguma coisa de bom, sobre ele? Veremos.

Don Draper sequer usa seu nome verdadeiro. Na verdade ele chama-se Richard “Dick” Withman. Foi um soldado desertor do Exército na Guerra (o que, para o ufanismo tolinho dos americanos, é crime grave e imperdoável) e assumiu a identidade de um oficial (chamado Don Draper) que morreu ao seu lado, numa explosão. Acharam o corpo do oficial e ele deu a sua identidade de soldado Richard Withman ao cadáver, assumindo o nome (e a patente) de Draper. Mais tarde a esposa do tal oficial Draper descobriu a farsa e foi atrás dele, desmascarando-o. Como, apesar de estar morto, Don Draper continuava oficialmente “casado” com a viúva, Withman (sempre usando o nome de “Draper”, agora com o consentimento da viúva) assumiu o sustento dela. Sustento financeiro e mantido em segredo, pois ele já era casado com Betty. Comprou uma casa para a mulher do finado (e verdadeiro) Draper e a sustentou até que ela morresse, ainda jovem, de uma doença precoce.

Don Draper não é o único politicamente incorreto na série. Mas é, sem dúvida, o principal representante dessa “facção”: trapaceia sem dó os publicitários seus concorrentes e até os colegas de trabalho; bebe whisky o tempo durante as reuniões profissionais; fuma na cama ou nas mesas de restaurantes e dentro do carro; joga lixo na grama do parque e latas de cerveja pela janela do carro; trai e traiu as esposas (a primeira e a segunda) com qualquer uma que aparecer na sua frente; traumatiza e bate nos próprios filhos; mente descaradamente, inclusive para o Governo; é racista, sexista e homofóbico.

Há páginas e páginas na Internet sobre a conduta do personagem Don Draper e até um perfil no Facebook (Brasil) com alguns “conselhos” do personagem; todos eles são frases tiradas dos episódios da série. Alguns são até bacanas, e nem todos são politicamente INcorretos.

Acho que condutas e maneiras de pensar como aquelas mostradas em MAD MEN; caso fossem adotadas hoje (especialmente na Propaganda), seriam mais condenáveis pela opinião pública do que foram aquelas “operações” do pessoal pego pelo Mensalão e pela Lava Jato.

Ainda se pratica, hoje em dia, exageros que merecem ser coibidos, claro. Há dois anos, numa loja aqui em Porto Alegre, assisti a uma mulher dar um sonoro tapa na boca (!?) da filha, de uns seis ou sete anos de idade. Fiquei chocado pela brutalidade. Isso era comum na minha infância. Não comigo, mas vi isso acontecer inúmeras vezes com outras crianças da minha geração.

O problema é que afora esse tipo de agressões flagrantes e condenáveis, hoje tudo tem sido muito vigiado (não gosto de “patrulhado”, que é um termo antiquado) e alardeado. Desconfio que muito mais pelo sabor da polêmica (e da atenção que ela atrai para si e para os polemizadores) do que por genuína indignação. As pessoas não querem combater de verdade para mudar as coisas, querem apenas é debater o assunto.

Voltemos à década atual.

Em maio de 2013 “viralizou” na Internet um vídeo que mostrava o depoimento de Charles Ramsey, homem que teria socorrido duas mulheres e uma criança mantidas em cativeiro durante dez anos, por um maluco daqueles, nos Estados Unidos. Disseram que Ramsey as “salvou” e que, por isso, era um herói. O que, convenhamos, já é uma demonstração desse exagero midiático desesperado a que me referi quando falei sobre polêmica gratuita: ele apenas acolheu as mulheres, quando elas fugiram do seu raptor. Ele teria sido um herói se tivesse invadido a casa, espontaneamente, e corrido algum risco de vida para tirá-las de lá. Ao contrário disso, Ramsey nem desconfiava da ocorrência de um crime na casa vizinha. E até comia churrasco, às vezes, com um dos bandidos !!

Mas o fato que sublinho aqui, e que interessa para o nosso assunto, foi a afirmação feita por Ramsey. Ele é um homem negro. Que disse: “Quando uma menina branca e bonita corre para os braços de um homem negro, você sabe que tem algo de errado ali. Ou ela não tem casa ou tem problemas”.

Se um carteiro; guarda; vizinho ou transeunte BRANCOS tivessem afirmado isso na imprensa, esses últimos não seriam considerados “heróis” (o que sequer Ramsey é), mas se tornado a escória desta Sociedade politicamente correta. Observe, e eu repito, que essa pérola do racismo, foi dita por um homem negro. Que provavelmente não foi irônico ou crítico e que com a sua frase não teve qualquer intenção de protesto.

Ele apenas repetiu uma verdade que está entranhada na sua pele e no seu coração, tendo vivido Leia mais…

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