By Gabriel Dias
O ano de 2015 para as mulheres está sendo bem marcante com diversas mudanças de estereótipos e quebras de tabus. A era da colaboração está dominando a economia e agora dominou o social.
Recentemente, presenciamos o surgimento de campanhas orgânicas, ou seja, criada de usuários para usuários. Sem estratégias e estudos de agências especializadas. São campanhas transparentes, honestas e realistas. Nas últimas semanas duas se destacaram: a #PrimeiroAssedio e a #MeuAmigoSecreto, as quais foram alvos de deboches e menosprezo. Mas o que os críticos de Facebook não sabem é que essas campanhas orgânicas estão fazendo parte de um momento muito importante na luta das mulheres na sociedade pós-moderna. Este artigo serve para esclarecer o poder delas para quem não entendeu e criticou de forma precipitada.
Rápido passeio na trajetória da mulher. Estude o passado para compreender o presente
Antes de julgar se algo é ruim ou não só porque está tomando conta do feed de notícias, é interessante entender que os surgimentos dessas campanhas orgânicas estão dentro de um contexto muito mais amplo, ligado com um conceito sociológico que se chama A Terceira Mulher.
Segundo o livro A Terceira Mulher – A revolução e permanência do feminino de Gilles Lipovetsky, a mulher ao longo da história teve sua evolução dividida em três partes: a Primeira Mulher, a Segunda Mulher e a Terceira Mulher. Se todos tivessem a oportunidade de ler esse livro, cairiam significativamente as brigas no Facebook em relação a feminismo e machismo.
De forma bem resumida, a Primeira Mulher é a mulher da idade média. Sem direitos, sem poder de escolha, não tem autoridade sobre o próprio corpo e é vista somente para procriar. Nada mais.
A Segunda Mulher surge no Iluminismo. A mulher começa a ser valorizada como dona do lar (acreditem, era uma valorização). É vista como mãe protetora. Dona de um amor incomparável. Apesar da evolução, continua dentro de uma lógica perversa machista. Sem direitos. Sem poder de escolha.
Já na década de 70, com os movimentos de liberdade das minorias, surge a figura da Terceira Mulher, que está em constante evolução. A mulher começa a ter direitos políticos, cresce no cenário econômico, vai ao mercado de trabalho, métodos contraceptivos surgem e dão liberdade ao próprio corpo. A mulher deixa de ser objeto e passa a ser sujeito. Ela consome cerveja, futebol, carro e com a chegada da internet e da nova geração, a diferença de gênero caminha para a igualdade. O machismo continua, mas o cenário atual é bem diferente, de forma positiva, do que o da Idade Média. E o ano de 2015 demonstra fatos interessantes ligados às novas conquistas das mulheres.
Retrospectiva 2015 e a quebra de estereótipos
Alguns acontecimentos que podemos analisar como uma evolução da Terceira Mulher na sociedade atual:
1 – Pela primeira vez, o jogo de futebol FIFA 15 colocou times femininos. Personagens que se destacam pelo talento e não pelo corpo, como era tradicional na cultura gamer.
2 – A polêmica campanha “Vai Verão” da Itaipava, a qual teve anúncios e vídeos banidos pelo CONAR por abusar da sensualidade feminina. A opinião pública criticou tanto a postura da marca que o seu posicionamento teve que mudar ao longo do ano.
3 – A famosa marca Pirelli, que tem seus tradicionais calendários com mulheres seminuas, resolveu mudar de estratégia. No lugar de modelos sensuais, mulheres influentes. O calendário destaca mulheres que tiveram conquistas profissionais, sociais, culturais, esportivas e artísticas.
4 – A Playboy americana decidiu abolir a nudez de sua revista. As mulheres continuarão com posições sensuais, porém, mais conceituais, menos apelativas e com um investimento maior em conteúdo. O objetivo é passar longe do caráter pornográfico.
5 – A Playboy brasileira não conseguiu se adaptar ao novo comportamento de consumo, continuou enxergando com lentes de anos atrás e anunciou que a edição de dezembro de 2015 será sua última no Brasil.
6 – Criação do polêmico projeto de lei do presidente da Câmara, Eduardo Cunha, o qual, de forma resumida, vetaria um método contraceptivo. A pílula do dia seguinte. O projeto de lei resultou em manifestações os quais fecharam a Av. Paulista, em SP e a Av. Rio Branco, no RJ. As principais avenidas de cada cidade.
Percebe-se que grandes mercados que antes eram exclusivamente masculinos começam a se transformar e que atitudes que agridem os direitos da mulher geram grandes protestos nas redes sociais e nas ruas. Algo está mudando e precisamos dar atenção.
Netflix na construção da opinião pública a favor das mulheres
Para ampliar o entendimento e perceber melhor o contexto, podemos observar as últimas séries que tiveram grande audiência na Netflix. Vale lembrar que o Brasil vive um momento em que cada vez mais a cultura da série está presente. Cada vez mais rouba fatias das novelas da TV aberta na influência da construção da opinião pública. Duas séries que retrataram lutas femininas: House of Cards e Marvel – Jessica Jones.
A primeira, temos a personagem da Claire Underwood, esposa do protagonista Frank Underwook, a qual, durante boa parte da segunda temporada decide expor que foi assediada por um militar influente no governo dos EUA e enfrenta dificuldades dentro do congresso para viabilizar um projeto de lei a favor das mulheres contra o assédio sexual.
A segunda e mais recente, Jessica Jones, retrata a cultura do estupro. Uma personagem que foi manipulada e passou parte de sua vida fazendo coisas que não queria para agradar o vilão Killgrave. Um britânico de boa aparência, educado e manipulador. Que consegue convencer todos ao seu redor de que está certo, deixando suas vítimas como pessoas exageradas, malucas e que não dão valor ao que tem. A série o tempo todo faz uma analogia a uma mulher que foi estuprada e/ou assediada e que não consegue ter sua vida de volta por conta de uma sociedade que menospreza as reclamações contra o machismo.
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